agosto 26, 2012

Um novo recomeço, a confirmação do velho ciclo


Escrever sobre a bruxaria para mim é sempre um prazer. No entanto, esse prazer não justifica nenhuma segurança sobre o conteúdo. Esta é a minha interpretação dos fatos da vida, sob a perspectiva da bruxaria. Quer dizer, estou tentando repensar a bruxaria que existe dentro de mim. E para isso, eu tenho que redescobri-la novamente.
                É com muita alegria que eu escrevo este texto, porque já tenho um passo dado, e isso me fez sentir voltar para casa. Quando eu comecei a sentir que a bruxaria foi perdendo o espaço no meu interesse, fiquei me perguntando sobre o motivo. Então, comecei a refletir a partir da lógica que eu ganhei sendo wiccano por sei lá quantos anos. Se tudo é um ciclo, então, uma hora o interesse vai e outra ele volta. Por isso, nunca me preocupei de fato se eu estava saindo dessa prática. Só que dessa última vez, eu fiquei com medo.
                Meu pentagrama já não tinha o mesmo peso e a mesma importância. O caldeirão, que é um espaço tão sagrado que eu cultivei com boas energias, só tinha folhas secas e cinzas no fundo. Parado no canto. Sim, o altar desapareceu. Acho que isso ajudou um pouco também na derrocada do negócio.
                Recentemente, fiz umas leituras e pesquisas sobre a aquisição da linguagem e a compreensão em uma perspectiva cognitiva. A cognição é que nos permite atribuir valor simbólico aos sons, e através dessa força que é a linguagem, movemos nossas vontades nos meios sociais em que frequentamos. Pois bem, está aí a importância do símbolo. Reconquistei meu pentagrama. Mas e o caldeirão. Eu sempre fui seguidor de Hecate, desde que ela fez seu primeiro chamado (eu não sei bem se eu entendi direito o chamado Dela, porque Ela me chamou já algumas vezes, e eu já me sentia chamado. A sensação que dava é que eu devia estar tão por fora de tudo que Ela até pensou que eu nem estava prestação atenção).
                Mas onde está ela, agora? No meu coração, ela ainda existe, mas não sinto mais sua energia como antigamente. Aliás, falando em energia, esse lance energético é um fato que ocorre também com os animais não humanos. Por exemplo: revoadas e cardumes que se movimentam como se fossem só um corpo. Pesquisas mostraram que existe uma conexão telepática entre dois seres que estabelecem laços, sejam esses seres somente animais humanos, ou somente animais não humanos, ou ainda um grupo misto, que é o caso em que vivemos na sociedade atual dos pets e da exploração animal pelo capitalismo.
                Essa energia que une nós, seres vivos, para mim, tem muita coisa envolvida aí. Como a intuição, por exemplo. Para mim, a intuição é a voz dessa energia. Como não lidamos com a intuição na sociedade cristã, fica muito difícil desenvolver adequadamente o uso da intuição, mas senti um salto na minha depois de compreender a natureza energética da sociedade animal mista.
                Como se vê, momento de reflexões, raciocínios, releituras, rebruxiarias...

novembro 24, 2010

Esbá de Novembro

Vou aproveitar que estamos ainda dentro dos domínios de Beltane e usar essa energia ao nosso favor. Bom, eu vou celebrar esse rito sozinho, então, vou preparar um rito para exatamente aquilo que eu acho que estou precisando. No esbá passado, eu fiz um feitiço muito simples, prático, de queimar no fogo dentro do caldeirão, um papel contendo algo que a gente queira se livrar. Vou reaproveitá-lo. Sempre, parece, temos coisas para nos desfazer. Mas acontece que a Bruxaria não é uma mecânica. O lance do ‘causa-e-efeito’ leva tempo para ser percebido. Acho que é porque ficamos sempre na expectativa do acerto ou erro do feitiço. Bom, eu vou ser sincero. Não sou muito de lançar feitiços, não. Não sei se eu tenho força o bastante para eternizar um feitiço na minha história, na minha existência. Acho que meus feitiços são ainda fracos, e também parece que têm validade. Esse do caldeirão, eu vou ver como aperfeiçoar. Acho que falta muito da minha parte porque o que eu queimei durou apenas alguns dias. Por isso, vou fazer de novo. Vou insistir nele até que eu sinta segurança com o feitiço que eu fiz. Aconselho a todos. Lembro que uma vez a Bruxa Bi disse que sentia muita falta de, dentro do nosso coven, não termos o hábito de repetir bastante as ladainhas, os feitiços, tudo. Por isso, eu vou bater nessa tecla. Por você, BBi... hehehe.
Então, ta. Vou começar a preparar o rito de verdade.

TRAÇO DO CÍRCULO

CÂNTICO
[May the circle be opened...]

INVOCAÇÕES
Guardiões

SUMO SACERDOTE
Espíritos do Norte, do Leste, do Sul e do Oeste. Nós vos invocamos para que ancores e fortaleças nossas mentes e corações. Dá-nos Vossa força e Vossa proteção, Espíritos. Nós Vos recebemos em nosso círculo, entrai e ficai conosco. Bênçãos.

Grande Mãe e seu Consorte

SUMA SACERDOTISA
Ó crescente dos céus estrelados
Ó florida das planícies férteis,
Ó fluente dos sussurros do oceano,
Ó abençoada da chuva suave,
Ouça meu canto dentre as pedras erguidas,
Abra-me para sua luz mística,
Desperte-me para suas tonalidades prateadas,
Esteja comigo em meu rito sagrado

Graciosa Deusa
Rainha dos Deuses,
Lanterna da noite,
Criadora de tudo o que é silvestre e livre
Mãe dos homens e mulheres,
Amante do Deus Cornudo e protetora de todos os wiccanos:
- Compareça, eu peço,
Com seu raio lunar de poder,
Dentro deste círculo!

SUMO SACERDOTE
Em nome Daquela que existe nas ondas do mar,
nas profundezas das grutas escondidas,
no farfalhar das verdes folhas
e na ardente chama das paixões.
Eu te invoco, minha Senhora, para me proteger e guiar.

Tu que és DONZELA,
livre e virgem por não pertencer a ninguém.
Tu que és MÃE,
amada e procurada por todos.
Tu que és ANCIÃ,
que vais velar por todos nós.

Ártemis, Selene, Hécate, Ana, Diana, Nana,
Anahita, Inanna, Astarte, Ísis, Chang-O, Brighid,
Deméter, Ix Chel, Freyja, Rhiannon, Arianrhod,
Yemanjá Odo Iyá. Kerridwen, Kali

Mãe Antiga, Deusa dos Mil Nomes,
ilumina a nossa vida
com cada raio de luar,
e com o longínquo brilho estelar,
Guia-nos com amor maternal
nesta nova jornada
de volta para ti,
oh Grande Mãe.

Cântico
[Moon, sister Moon]

Carga da Deusa
"Ouçam as palavras da Grande Deusa, que em outras eras era chamada de Ártemis, Diana, Astarte, Ishtar, Afrodite, Cerridwem, Morrigan, Freya entre muitos outros nomes.
Sempre que necessitarem da Minha ajuda, reúnam-se em um local secreto, pelo menos uma vez por mês, especialmente na Lua Cheia. Saibam que Minhas leis e amor os tornarão livres, pois nenhum homem pode proibir seu culto a Mim em suas mentes e em seus corações. Prestem atenção a como vocês chegarão à Minha presença, e Eu lhes ensinarei profundos mistérios, antigos e poderoso. Não exijo sacrifícios, nem dor em seu corpo, pois Sou a Mãe de todas as coisas, a Criadora que os criou a partir de Meu amor, e Aquela que dura através dos tempos.

Sou Aquela que é a beleza da Terra, o verde das coisas vivas. Sou a Lua Branca cuja luz é plena entre as estrelas, e suave sobre a Terra. Que Meu alegre culto esteja em seus corações, pois todos os atos de amor e prazer são Meus rituais. Vocês Me vêem no amor de homem e mulher, pais e filhos, entre humanos e todas as Minhas criaturas. Quando vocês criam com suas próprias mãos, lá estarei Eu. Eu sopro o sopro da vida nas sementes que plantam, seja uma planta ou criança. Estarei sempre a seu lado, sussurrando palavras ternas de sabedoria e orientação.

Todos os que buscamos Mistérios devem vir a Mim, pois Eu sou a Verdadeira Fonte, a Guardiã do Caldeirão. Todos os que buscam Me conhecer sabem disso. Toda a sua busca e seus anseios são inúteis a não ser que conheçam o Mistério: pois se o que buscam não conseguem achar em seu interior, não o conseguirão no exterior. Portanto, atentos, estou com vocês desde o princípio, e os recolherei ao Meu seio ao fim de sua existência terrena."

CÂNTICOS
Ancient Mother
Hecate, Cerridwen

MEDITAÇÃO

Meditação e expansão da aura
Procure acalmar sua respiração e seus pensamentos. Tente ficar o mais tranqüilo possível. Esteja em uma posição bem confortável para isso. Só não vale dormir, então, aqueles que dormem se ficarem deitados por uns 15 minutos, então é melhor procurar uma posição que não dê tanto sono. Aliás, o sono durante esse tipo de exercício é algo que você vai aprendendo a controlar, assim como tentar esvaziar a cabeça. Bom, então, vamos à meditação. Gosto de exercícios fáceis e simples, que podem ser facilmente memorizados, para evitar de precisar se desconcentrar para ver qual é a próxima etapa.

Respire fundo e solte todo o ar. Quando terminar de soltar o ar, feche os olhos e espere uns três segundos antes de começar a inspirar. Inspire contando até três. Prenda por três segundos e expire contando até três. Espere mais três e repita a operação. A quantidade de repetições pode variar de pessoa a pessoa, porque o objetivo é centralizar as energias e conseguir uma serenidade maior para o rito. Faça esse procedimento até achar que está pronto para a próxima parte.

Sinta uma energia dentro de você. Perceba-a percorrendo pelo seu corpo. Pense que essa energia está crescendo em sua volta e que você está expandindo sua aura. Você pode expandi-la até onde você quiser. Mas como estamos no círculo, tente expandir por todo ele. Se você estiver com outros bruxos na roda, tente sentir a aura deles, ou senti-los dentro da roda, porque sua aura expandida também é sensível às outras energias. Se você estiver sozinho, vá direto para o objetivo final: sinta o caldeirão no altar. Se você não tem um caldeirão, use uma ferramenta que esteja no seu altar então, ou até mesmo um pentagrama em seu pescoço ou vestes, ou ainda se você não tiver nada disso, sinta a energia ocupando o espaço do seu círculo. Bom, vamos fazer de conta que há um caldeirão no centro do altar. É nele que você vai jogar suas energias. Como o caldeirão é um símbolo do útero da Grande Mãe, de lá você retirar grandes e gostosas energias. Aí sim você vai sentir a presença da Deusa dentro de você. Dentro do caldeirão, a energia é confortável, reconfortante, revigorante, gostosa. Viaje nessa sensação pelo tanto de tempo que você quiser.

Para terminar o exercício, sinta essa energia que você projetou retraindo e voltando a morar dentro de você. Nunca deixe essa energia esvair-se, apenas diminuir de intensidade. Volte a si e recupere seus sentidos. Aproveite a sensação de paz e harmonia com a Grande Mãe. Olhe para a Lua, se você tiver contato visual com ela. É hora de usar essa energia positiva para um feitiço. Faça aquele que te convier. Eu vou sugerir um que eu gosto bastante.

FEITIÇO DE LIMPEZA DA ALMA

Se você for utilizar algo para seu feitiço, certifique-se de que você colocou tudo dentro do círculo para realizá-lo. Pegue um pedaço de papel e escreva nele uma angústia, uma mágoa, uma situação difícil. –Ah, mas um só? –Sim! Um só! Se você encher o papel de sentimentos a se livrar (todos nós temos uma enorme lista), você não consegue focar em nenhum deles. Escreva a situação, ou uma palavra chave. Enfim, faça com que a escrita no papel traga essa sensação de dentro de você, e tente visualizá-la passando em forma de energia pelo seu braço e depois pela sua mão, vazando pelo lápis ou caneta, e ficando preso no papel. Leia o que você escreveu. Respire fundo uma vez e despeça-se desse sentimento. Despeça-se como se despede de uma pessoa que esteve em sua vida e morreu. A despedida é algo duro, mas necessário. Despeça-se dessa coisa que você colocou para fora. Aquilo está impresso no papel, contido nele e fora de você. Não permita que a sensação volte para você.

O fogo vai consumir o papel e junto dele esse meu pesar.
O fogo vai consumir o papel e junto dele esse meu pesar.
O fogo vai consumir o papel e junto dele esse meu pesar.

Depois, queime o papel. Você pode acendê-lo e jogar dentro do caldeirão. Veja o papel todo se queimando. Se ele apagar, reacenda-o. Queime-o por completo. Assista à ‘cremação’ com respeito. É um sentimento seu – mesmo que ruim – que jaz no caldeirão. Durante a queima, visualize uma energia espiral que sai do fogo do papel, vai ganhando o céu e segue seu rumo em direção à Lua. Não precisa levar até à Lua, pois ela também virá buscar sua entrega nesse espaço. Queimou tudo? Pronto, então. O que fazer com as cinzas? Nada. Você pode jogá-las num lugar que simbolize algo, tipo: um jardim, para ter paz, no rio, para a continuidade desse fluxo para longe de si, no ar, para que os ventos o levem embora, ou deixe dentro do caldeirão mesmo e depois o jogue no lixo. Lembre que o papel não contém mais nada mágico nele. Tudo foi queimado e conduzido para outro corpo, outro espaço. O que sobrou pode ser descartado normalmente. Depois de livrar-se desse peso, o que resta é comemorar!










HÉCATE
Hécate eu sou, Mãe Negra, a Anciã.
Meu rosto é enrugado como uma pedra idosa.
Meus olhos são pretos como o breu, meus cabelos brancos como a neve.
Eu sou a noite escura sem lua.
Eu guio pelo lugar da Caçada Selvagem com meu poder negro
Pelo inverno à meia-noite
Meu reino começa na noite do Samhain
E dura até o dia da Luz de Imbolc.
Para as bruxas, eu sou sua Rainha divina
Sua líder, pelos séculos
Eu as ensino o poder mágico extremamente forte
Eu as ensino a diferenciar o certo do errado.
Mas se elas fazem o que é errado minha fúria, as farão pagar por isso
E minha vingança fará com que seus destinos na Terra fiquem marcados.
Porque eu sou a Justiça, eu sou a Morte, eu sou a vingança, Lua Negra
Eu sou a sabedoria e o Amor e a condenação do Mal.
Eu guardo todas as encruzilhadas de todos os lugares
Quem viaja com o mal deve tomar cuidado!
Eu tiro-lhes a alma e faço com que fiquem insanos
Para que nunca mais tenham a sorte de cruzar meu caminho novamente.
Eu sou terrível, gentil e implacável.
O que você vê em mim é você mesmo.
Quando sua hora chegar, eu o chamarei para junto de mim
Para passar pelo lugar da Caçada Selvagem até seu renascimento.
Então venha, minha Filha Bruxa
Siga meu caminho
Do poder mágico, não tenha medo de minha fúria.
Se você tiver coragem, será minha sacerdotisa
A escolha é sua, o que você escolher acontecerá.

Oração à Hécate
(by Althea)

Faça com que o círculo nunca seja quebrado,
Faça com que a terra esteja sempre firme,
Faça com que o vento seja sempre constante,
Faça com que o mar esteja sempre agitado,
Faça com que o fogo nunca se apague, e sua luz mostre o caminho.
Hécate Faça-se sempre viva em minha alma.
estou nos dias de atropelo da minha vida, que deu pra fazer o rito, pra montá-lo deu muito porcamente, mas pra postar está difícil... rsrsrs. Coisas da vida. Mas como ja tava escrito, eu só vou colar aqui o que eu copiei. Ressalto que esse rito foi uma colagem do que pode ser encontrado no rito de esbá de outubro e de Beltane.

novembro 15, 2010

Quando a Lua Sorri

Hoje a Lua veio me visitar na janela.
Da janela do meu quarto vejo apenas um muro velho e grande, intransponivel... Já desejei troca-lo pelo mar, ou por uma grande avenida cheia de luzes, ou mesmo que nesse mesmo muro milhares de plantinhas crescessem, mas a realidade é só muro.
Hoje, deitada na cama, lendo, olhei pra cima e não vi muro, e sim a lua. Nunca percebi que eu poderia ver o céu se eu olhasse por outro angulo. Nesse momento tive um daqueles momentos intimos com a Lua, momento de compreensão mutua.

Desde que o Gulherme criou esse blog, acho que fui a primeira convidada, na verdade, ouvi as primeiras idéias dele de criação... Fiquei muito feliz pelo convite, mas não conseguia escrever, como que em bloqueio...

Olhando a Lua hoje, percebi que ontem a noite cheguei aqui e vomitei uma postagem, talvez devido a uma mistura de medo e de vontade, mas agora me sinto desperta, com a Lua crescente dentro de mim em um sorriso aberto.

Como é bom poder viver isso... e isso estar inteiramente encaixado dentro da minha religião.
Na Wicca a dedicação é importantissima e sérissima, mas os momentos de remissão tambem são importantes, por que não? A Deusa não se recolhe em seu inverno para dentro de uma sabedora mais ampla? A Lua não mingua para dentro da escuridão do universo e nos presenteia com sua face negra de reflexão? Por que nos culpar conosco? A culpa deixamos para quem curte auto-flagelo...

Aprender com a Lua, com a Terra, com a vida que brota em todo lugar e com a ausencia dela, com a ausencia de tudo, tambem poderiamos chamar a isso de eterno retorno? Para mim é, é poder entender um pouco eterno estando viva, nesses pequenos retornos, temos sempre os ecos do grande retorno... tudo se recolhe em si, para depois despertar em uma explosão de vida, como um big bang, como o alto de verão...


Abençoados Sejam Todos

novembro 14, 2010

Wicca, e minha fé na ética

... Estou muito honrada em participar dessa roda, poder me sentar próxima ao fogo, ao lado de bruxos tão agradavéis e deliciosos como o Guilherme e o Samilo... Sinto-me feliz em interligar minhas energias nesta espiral.

Vou me apresentar "mágicamente": sou wiccana. E acredito na Wicca.

 Não, não vou estou tratando a wicca como Deusa, mas sim falando da minha fé na wicca como religião e como um todo. Eu acredito no novo, acredito no equilibrio, acredito na busca, acredito na inquietação, acredito nas respirações profundas e na compreensão do silêncio hermético que o universo carrega. Mas acima de tudo, acredito nas realizações práticas da Wicca.

Um dia, eu e meu amigo estavamos conversando sobre como seria bom morar naquelas sociedades pagãs em que temos que plantar nossa comida e viver em profunda comunhão (tanto com gente quanto com a Terra)... E no meio de nossos devaneios meu amigo disse: "seria legal, mas eu não acredito em deuses, não consigo acreditar em nada"... Eu fiquei surpresa, apesar de saber que esse meu amigo não é bruxo, nunca me passou pela cabeça que ele fosse um descrente, por que ele tem um códico de ética pessoal muito bem resolvido. E a minha resposta para ele é o que eu quero compartilhar nessa minha primeira postagem. Eu disse:

Sinceramente, eu não sei se acredito em fadas, em gnomos, em poderes das pedras ou das velas, as vezes consigo ver os deuses individualizados, mas geralmente os enxergo como uma extensão filósofica (humana) do próprio universo, a quem, por razões filósoficas e éticas, chamo de Deusa. Mas, como sensação, eu gosto que existam, eu gosto desses nomes, eu gosto dessas práticas e não creio que isso me faça mais ou menos wiccana do que quem cre em fadas, deuses e espiritos como entidades físicas, porque, sinceramente, o que menos importa na wicca é isso. Pois, primeiro de tudo a wicca é a própria religião do conhecimento, a sabedoria é uma pratica wiccana, pois essa é a sua raiz. A wicca é a religião do agora, e isso é ético, não estou falando um agora em um sentido hedonista ou cético, mas um agora no sentido de entender que o tempo é um só, no sentido de não esperar salvação, mas compreender que é isso o que temos, e é ótimo. É uma religião do aqui, pois, cremos no Universo e no que existe, e por mais que isso pareça óbvio, não é uma prática facil. è mais facil embalarmos nossas carencias em promessas e fantasias de um lugar melhor, é dificil lutar para que o lugar melhor seja aqui. É dificil, pois a negação da materialidade faz parte da construção da nossa identidade, é dificil amar o universo, e entender que todas as coisas são uma só. e que o Deus está na cadeira, na menstruação, nas baratas e nas minhocas. Mas é facil ver a Deusa nesses lugares, pq na wicca não existe profano.


Eu não preciso ir longe para crer na Deusa, crendo no que existe, não preciso de mais nada, mas crer com amor, daí, não é dificil querer entender e revelar dentro de si todas as facetas que a Deusa apareceu para o mundo, seja ela Afrodite, Fada Morgana, Kali, minha mãe, minha irmã, meu gato, minha gripe...

Além de crer no próximo, a wicca é uma religião que exige uma ação, exige o preocupar-se com o outro e é aí que entra a ética. Equilibrio é ética. Se procuramos um equilibrio com o a Deusa, um pulsar do corpo no ritmo do pulsar da Terra, procuramos uma melhor convivencia com o mundo, com as pessoas, com o outro, com o eu. Pois encontraremos a Deusa no mundo, nas pessoas, no outro e no eu. Atingir tudo isso, é atingir a Deusa, por isso toda agressividade deve ser pesada, pq a Deusa tambem é destruição, mas acima de tudo ela é justiça.

claro, não fui tudo isso que eu disse na conversa, foi algo mais parecido com duas linhas... esse meu amigo é vegetariano, anti-assimilacionismo, pró-feminismo, etc etc... ele acredita sim na Deusa, mas com um outro nome: Justiça.

novembro 12, 2010

DRUIDAS E CELTAS 2 - UNIDADE

"A unidade é um conceito muito essencial no Druidismo Celta" (p. 28), apresenta o assunto Sirona Knight em seu livro Explorando o Druidismo Celta, publicado pela Ed. Madras. "A divindidade é feminina e masculina, integrando ambos em um todo. Esse todo é a face divina da Unidade" (p. 29). Essa citação me lembra bastante a Bi falando sobre a imanência da Deusa. Ela imana em tudo e inclusive dentro de nós. isso nos faz parte do todo e ao nos aproximarmos dele, também chegamos mais perto da energia divina. O livro dá um modo de como atingir um estado meditativo mais propício para despertar a sensação de união coma unidade. Você deve respirar e cada moviimento da sua respiração (inspira - pausa - expira - pausa) tem a duração de três tempos. Faça até respirar bem fundo por nove vezes. Através dessa energia, vá se conectando com a energia do todo.

novembro 11, 2010

DRUIDAS E CELTAS: Início e fim

Vou escrever baseado no livro “Explorando o Druidismo Celta: magias e rituais antigos para o fortalecimento pessoal”, escrito por Sirona Knight e publicado pela chiquíssima Madras. Claro, néam? Hehehehe. Eu já li o livro inteiro e adorei. Gostei muito de ver como a cultura Celta está transposta nas histórias de cavalaria do Rei Artur. Tomara que um dia eu poste mais sobre essa relação. Gostei muito de ler. Mas como os posts, para não serem cansativos, podem ser mais curtos, nesse vou apenas apresentar os Druidas e os Celtas, e sua maior marca física: o círculo de pedras.
Está localizado no sul da Inglaterra o maior monumento megalítico ligado à cultura celta, diretamente ligado aos Druidas. Existem ainda muitos mistérios sobre eles, como sua montagem, suas medições. Como será que conseguiram levar aquelas rochas milkilometricamente pesadas e montá-las, com direito a encaixes precisos e, acima de tudo, tão duradouros? Mistéééééééééério... rsrsrs. As pedras estão localizadas de maneira a marcar os caminhos do sol e da lua, como uma festa solar ou algo do tipo. A mitologia irlandesa vê o grande círculo de pedras como a morada dos Deuses. Os Druidas acreditavam que lá estava localizado um vórtice para outros mundos e faziam uma longa caminhada até lá no Solstício de Verão (o dia mais longo do ano).
Mas afinal, quem eram os Druidas? Eles se auto-denominavam mestres de todas as artes e ofícios. Eram um povo que trilhava os caminhos do Sol, como também está posto em Stonehenge, além de evidentes marcas litúrgicas, pois os festivais sazonais ocorriam em marcações astronômicas específicas. Em vez de competir com a natureza, os Druidas caminhavam junto a ela, acompanhando e respeitando seus vários ciclos. “Eles sabiam que todas as coisas vivas eram afetadas pela progressão das estações.
Outra característica que eu gostei bastante de aprender foi que o Druidismo e o Hinduismo desenvolveram-se separadamente mas a partir de raízes indo-europeias em comum. No entanto, marcar com exatidão de onde é que eles apareceram não é uma das tarefas mais fáceis de se fazer. Denominados bárbaros, os Druidas possuíam uma organização sociocultural tão rica quanto a Grécia e Roma. No entanto, o Druidismo passou despercebido por ambas as civilizações durante muito tempo.
Mas os Druidas, os Druidas, os Druidas... e os Celtas? Esses vieram das margens do Rio Danubio (que, aliás, significa Mãe de Água). Eles se espalharam por toda a Europa, por parte da África e da Ásia nos primórdios de tudo. É por isso que tantas culturas apresentam uma estrutura semelhante, apesar de tão distintas, como os Druidas e os cristãos.
Uma das lendas que o livro traz que eu achei fascinante é quanto à Deusa Tuatha de Danan, que vem aos celtas pelas névoas de Beltane trazendo quatro preciosos presentes: A Espada de Nuada, a terrível lança de Lugh, o caldeirão de Dagda e a Pedra de Fal. No livro, vem explicadinha a história de cada um desses presentes. É muito interessante. Gostei muito de saber. Se alguém quiser saber mais sobre alguma delas, eu sugiro o Google, rsrsrsr, brincadeira. É só pedir e eu transcrevo o que eu encontrar no livro. Não é tanta coisa assim, mas o suficiente para eu me impressionar.
Bom, depois de falar um pouco sobre como eles surgiram e de sua marcação territorial com Stonehenge, vou falar também como eles dessurgiram, desapareceram. E nem preciso atribuir o feito, né? Ao cristianismo. Como mostra Sirona no livro, “Os romanos e os cristãos exterminaram sistematicamente os Druidas, a quem enxergavam como uma real ameaça”. No entanto, depois que eles fizeram o extermínio, tiveram que lidar com a cultura que já estava disseminada e, como estratégia de defesa, imagino eu, eles passaram a adotar o maior número possível das tradições celtas. Mesmo assim, aqueles que eram devotos esclarecidos, ou fossem pegos praticando a Antiga Fé, eram castigados com a morte.

novembro 09, 2010

O JOGO INICIÁTICO DA OCA


Esse foi meu tiro no escuro. Eu não conhecia esse jogo, nunca tinha ouvido falar dele. “Eu? Não sabia!” (rs). Até que comecei folhear durante um café na livraria e minha curiosidade ficou aguçadíssima. Aproveitei a frustração de ter sido vendido outro título que eu estava disposto a comprar, levei esse pela empolgação e gostei muito. É curtinho e bem gostoso de ler. Para quem quer saber mais sobre o livro que eu comprei, este é o link dele na [adivinha onde?] Editora Madras[Vou vender meu peixe para a Madras. Em todos os posts tem uma propaganda... rsrsrsrs]

Agora, eu vou fazer uma rápida viagem pelo livro para apresentar alguns dos pontos que eu gostei bastante, ou que eu acho importante. Logo no prefácio, vi uma frase com a qual foi identificação à primeira lida: “... o caminho para encontrar a felicidade não é buscá-la, mas simplesmente percebê-la, senti-la.

Na introdução, seguimos viagem pela simbologia por trás dos labirintos. “Símbolo de proteção, caminho de iniciação, entrada para o mundo espiritual” (p. 9) são algumas das possibilidades de leitura do labirinto proposto pela autora. Como eu gosto muito de transcrever pequenos trechos, vou começar já! : “A experiência de um labirinto, qualquer que seja sua forma [...], produz sempre o mesmo efeito psicológico: uma alteração temporal da orientação consciente que pode confundir ao que faz o recorrido, fazendo com que se perca – simbolicamente – o seu caminho. E ao mesmo tempo lhe abre novas dimensões cósmicas da natu8reza transcedental” (p.13). Ou seja: é um revertério só. A gente traça o percurso do labirinto, rompendo com o uso das nossas aprendizagens, de nossos reflexos e ficamos expostos a nós mesmos, desnudos. Achei interessante o tabuleiro fazer um labirinto para trilhar mesmo esse percurso daquilo que pode vir a ser uma auto-descoberta. O jogo também recupera o caminho de Tiago de Compostella e o livro trabalha a fundo a relação entre eles: o caminho, o nome, o lugar... tudo.
O capítulo seguinte vai dar uma base sobre formatos de labirintos. Então, temos uma leitura mais técnica, visualizativa. É interessante a gente observar os labirintos que a gente já viu na vida, desde aqueles em jardins que vemos nos filmes, até aqueles que faziam parte das atividades do gibi da Mônica. Tudo tudo tudo que você já viu de labirinto na sua vida, parece que tem uma pitadinha aqui. Se é uma ou mais saídas. Se é um único caminho para entrar e sair, se é quadrado, redondo. Tudo mesmo.Mas só vou falar um pouquinho mesmo do formato do labirinto que é o tabuleiro do Jogo Iniciático da Oca. Para isso, mas um trechinho do livro: “O círculo foi considerado a representação da totalidade; a espiral, uma imagem de transformação e crescimento, e o labirinto, um caminho de meditação.” Isso reflete bem o percurso proposto pelo jogo. Como na imagem do post [que é o tabuleiro], vemos que o labirinto é circular e propõe um caminho que inicia fora do labirinto e o ponto final é o Centro. Esse formato também está impregnado de culturas e pensamentos, que no livro vemos com mais detalhes. Mas aqui vai um trecho resuminho: “O Centro é um dos temas fundamentais da Tradição Iniciática, que, por ser o ponto do equilíbrio, tende a permanecer estável, equilibrado e imutável, representando realidades tanto internas quanto externas, macrocósmicas e microcósmicas ao mesmo tempo” (p. 25) Entre outras referências que o livro traz sobre o assunto (como com a mitologia egípcia, o taoísmo, e outros), eu vou colocar só a que ela fez com as histórias do Rei Artur. É legal a gente observar a importância da mesa, da Távola Redonda, para quem já leu os romances da saga “Brumas de Avalon”, ou que tenha visto o filme, ou que tenha tido qualquer contado com isso. A távola é um símbolo sempre muito forte. Legal também foi ver nho outro livro que li a relação entre os personagens das histórias de Rei Artur e sua irmã Morgana, a Fada.
Na sequência, a viagem segue rumo a São Tiago de Compostella. Uma explicação sobre a mitologia local e suas referencias cristãs e celtas são ressaltadas. Claro, vamos na Celta. O caminho que os peregrinos fazem é povoado por gansos. Os gansos, na visão celta, assim como os cisnes, são mensageiros do outro mundo, como se fossem uma ponte entre a Terra e o Céu. Durante o jogo, aparecem estrategicamente colocadas algumas ocas (palavra para ganso, na língua espanhola) e a central, que e também um Cisne, símbolo da transformação, da afloração de um eu contido. Tem um post aqui no blog que fala sobre a simbologia do cisne, né? Acho que coloquei já. Achei legal a última casa, a do centro e a que e o ponto de chegada, ter um cisne, reforçando a transformação, proposta pela palavra Iniciática no título do jogo.
No livro tem um capítulo que trata só sobre iniciação. Recomendo o texto para todos que pretendem se iniciar, porque vai dar uma visão legal sobre o assunto. Ma eu só vou mesmo reportar pedacinhos do texto. “A iniciação, em essência, é uma transformação individual, que implica a transição de um plano de consciência e desenvolvimento para outro. As iniciações são orientadas a estimular tais transformações, exigindo-se virtudes e práticas na vida diária e, principalmente, nas reformas interiores, que induzem na mudança de atitudes.
O livro também apresenta referências às cartas do Tarô, que ocupam algumas das casas do labirinto do jogo. Bom, acho que falei bastante sobre o livro. Esses elmentos são os que eu acho que foram mais relevantes na minha leitura. O livro também apresenta um parecer de casa por casa, as regras do jogo e tal.


A Roda do Ano

Minha proposta é levantar alguns pontos para reflexão a respeito da escolha de se seguir um calendário litúrgico como no hemisfério norte, ou se devemos usar um adaptado à realidade do hemisfério sul. Para isso, vamos retomar alguns pontos.

A Roda do Ano é um assunto que é (re)estudado por mim e, pelo que sinto, pelos meus amigos, a cada novo rito. Ainda que pareçamos repetitivos, não temos uma sede por nos familiarizar com todas as datas e nem com toda a sequência. Damos bastante valor à pesquisa, à reflexão, às novas descobertas. Sempre procurar em que parte do ano estamos na Roda Wiccana nos garante um convívio mais próximo com as energias da Deusa e seu Consorte. E já que estamos aqui, vamos colocar de uma vez por todas as datas. A tabela foi retirada do site www.misteriosantigos.com e apresenta as datas tanto para o Hemisfério Norte (HN) quanto para o Hemisfério Sul (HS).


Sabbat
Oito datas Festivas
Data - Norte
Data - Sul
Samhain
Fim e Início de um Novo Ano
31 de Outubro
30 de Abril
Yule
Solstício de Inverno
21 de Dezembro
21 de Junho
Imbolc
Festa do Fogo (Luz, Sol) – Noite de Brigit
1º de Fevereiro
1º de Agosto
Equinócio de Primavera
Ostara ou Spring – Festa da Fertilidade
21 de Março
21 de Setembro
Beltane
A Fogueira de Belenos - Beltane
1º de Maio
1º de Novembro
Midsummer
Solstício de Verão
21 de Junho
21 de Dezembro
Lughnasadh
Festa da Colheita
1º de Agosto
1º de Fevereiro
Mabon
Equinócio de Outono
21 de Setembro
21 de Março

Bom, como existe uma infinidade de assuntos que podem ser tocados quando falamos de uma Roda do Ano, quero por enquanto apenas ressaltar porque acho importante seguir a roda de acordo com o hemisfério em que você se encontra. Mas só dizer que não devemos seguir a roda do HN não é o suficiente para criar no peito uma sensação enraizada dos motivos que me levam a seguir as datas do HS.

A Wicca é uma religião que conecta o homem à sua essência natural. Ela está voltada para os aspectos da Natureza que se refletem em nossa vida de um modo geral, que vão desde fatos internos, como uma doença, uma alegria, uma tristeza, um luto etc, a fatos externos, como o clima, o ambiente, as outras pessoas etc. Então, quando fazemos parte de uma energia em direção à comunhão com a Natureza, acho plausível que as celebrações sejam motivadas totalmente por ela. Dessa forma, um Rito de Inverno deve ser realizado no inverno, impreterivelmente. Os sabás delineiam o percurso da Grande Deusa e seu Consorte no ciclo da vida, de maneira conjunta com a Natureza. Por exemplo, passamos agora por Beltane. Beltane acontece num momento da primavera bastante propício ao plantio. No mito, de forma geral, Beltane também reflete essa grande fertilidade, pois é esse o sabá em que a Deusa e o Deus fazem sexo. Em Samhain, chega  fim da vida do Consorte (que é o Sol) e todo o hemisfério entra num período de latência, de inverno, de frio, de falta desse Sol. É o momento em que o Deus cruza a linha dos Mortos, tornando o véu que separa os mundos menos denso.

Bom, são só alguns comentários mesmo para eu defender minha posição de seguidor dos sabás de acordo com as estações do hemisfério em que vivo. Acho que escrevi em resposta aos que seguem o calendário do outro lado do mundo. Mas, no fundo, eu não sou cego às motivações. Fomos todos crescidos dentro de uma concepção cristã de religiosidade. Os ritos de passagem e litúrgicos do cristianismo descendem dos Antigos Ritos da Antiga Tradição. Por isso é Inverno no Natal, porque no HN é inverno durante o Natal. Aqui no HS, simplesmente adotamos as festividades sem nenhuma adaptação. Só que pensem comigo: Yule é o sabá que deu origem ao Natal. Tempo de recolha, tempo de nascimento da Criança Prometida (Jesus, para os Cristãos, o Deus Consorte, para os wiccanos). É a partir do nascimento dessa criança que a vida volta a se estabelecer no hemisfério. Essa criança nasce e traz com ela a força vital, o calor. Agora, aqui no HS, o natal acontece no meio do calor, no alto verão. O papai Noel continua sob a neve de roupa de frio, mas é verão. Claro que todas as motivações de oração e reflexão também adaptam-se segundo a liturgia que se escolhe para seguir, mas para mim não me parece sensato celebrar, buscar e sentir a vida quando o verão está ardendo tudo isso lá fora. Parece que cria um descompasso. Mas como no cristianismo tudo já tá virando bagunça e comércio, então as pessoas não notam mais essas que se tornaram peculiaridades, curiosidades, como o motivo pelas festas litúrgicas.

Bom, essa era a minha contribuição de hoje. Um texto sobre rodas do ano, mas principalmente, uma reflexão sobre qual calendário seguir.

novembro 04, 2010

Oração Matinal de Beltane

É tempos de Beltane e o céu, aspergido de estrelas, começa a a anunciar uma nova aurora. O fim da Lua Nova de Beltane revela um fino sorriso crescente. O contorno das árvores destacam com sua escuridão a tênue manhã arrebentando aos poucos os fios da noite. Uma palleta começa a se desenhar no céu e as cores vão dissolvendo a noite numa manhã que será linda, de um belo céu azulado. O sorriso amarelo também esvaece à mingua da escuridção. Vai ganhando um tom transparente, aquático, prata. É possível ver seu entorno no escuro, revelando um percurso a ser corrido pela luz de seu consorte até tornar-se Plena novamente. A marca da lua vai aos poucos ficando como a água. Até que todo o céu começa a ficar azul.

O calor da manhã de Beltane aparece nos lábios do horizonte. Quentes, sugerem na boca um gosto quente, de cores que vão tirando o azulado e tingindo o céu de um laranja único. A Lua lá, fina crescente, trazendo as forças, refletindo em seu sorriso a luz de seu consorte. Por entre os galhos das árvores já se vê um sangue de luz que lhe revela o mais doce sabor da alvorada. Os pássaros já despertos, podem cantar sem serem sufocados pelo som da cidade.

- Grande Deusa, que anuncia a chegada de seu consorte. Traz-me força e criatividade para que meu plantio seja exemplar. Sou eu, teu filho, quem te chama. Grande Deus, ilumine os passos desse dia, para que seus frutos sejam doce e alimentem a fome que se alimenta de mim, assim como os frutos das árvores alimentam os pássaros.
Chegado sol, bebo em meu cálice a água pura e fresca, símbolo de toda a vida.

novembro 02, 2010

BELTANE 2010

Confesso que perdi o dia certo de vir fazer a postagem de Beltane. Está tudo uma correria louca na minha vida. Por isso, estou muito mal com os dias dos sabás. Mas prometo melhorar. Quero sempre postar aqui um rito sobre os dias festivos e em outros momentos, algumas leituras que faço, ou qualquer outro assunto relacionado. O rito que vou postar hoje foi realiado em nosso coven em Beltane de 2009. Como eu decidi agora que vou terminar meu feriado cristão de finados (já que fui ao cemitério celebrar a morte, vi que nunca é tarde para celebrar a vida). De qualquer forma, está fora do esquadro já a celebração. Mas eu vou fazer um rito para a memória mesmo, para exercer minha bruxandade e também para fazer o rito que eu postei para o esbá de outubro. Vou fazer tudo essa noite e me divertir um pouco com o nosso real mundo mágico. Bom, vai aqui o rito. Ele está bem simples mesmo, porque eu vou usar o rito de Esbá de Outubro junto. Foi feito a partir de orações que encontramos na internet e também do livro que chama Wicca: crenças e práticas, escrito por Gary Cantrell e publicado adivinha por qual editora? heheheh. Madras. Livro bem completinho e leitura agradável. Depois eu o leio inteiro, assim como pretendo com todos que tenho. Bem, vamos ao Rito tardio? heheheh


RITO DE BELTANE


INVOCAÇÃO:

SUMO SACERDOTE
Espíritos do Norte, do Leste, do Sul e do Oeste. Nós vos invocamos para que ancores e fortaleças nossas mentes e corações. Dá-nos Vossa força e Vossa proteção, Espíritos. Nós Vos recebemos em nosso círculo, entrai e ficai conosco. Bênçãos.

SUMA SACERDOTISA
Ó crescente dos céus estrelados
Ó florida das planícies férteis,
Ó fluente dos sussurros do oceano,
Ó abençoada da chuva suave,
Ouça meu canto dentre as pedras erguidas,
Abra-me para sua luz mística,
Desperte-me para suas tonalidades prateadas,
Esteja comigo em meu rito sagrado

Graciosa Deusa
Rainha dos Deuses,
Lanterna da noite,
Criadora de tudo o que é silvestre e livre
Mãe dos homens e mulheres,
Amante do Deus Cornudo e protetora de todos os wiccanos:
- Compareça, eu peço,
Com seu raio lunar de poder,
Dentro deste círculo!

SUMO SACERDOTE
Em nome Daquela que existe nas ondas do mar,
nas profundezas das grutas escondidas,
no farfalhar das verdes folhas
e na ardente chama das paixões.
Eu te invoco, minha Senhora, para me proteger e guiar.

Tu que és DONZELA,
livre e virgem por não pertencer a ninguém.
Tu que és MÃE,
amada e procurada por todos.
Tu que és ANCIÃ,
que vais velar por todos nós.

Ártemis, Selene, Hécate, Ana, Diana, Nana,
Anahita, Inanna, Astarte, Ísis, Chang-O, Brighid,
Deméter, Ix Chel, Freyja, Rhiannon, Arianrhod,
Yemanjá Odo Iyá. Kerridwen, Kali

Mãe Antiga, Deusa dos Mil Nomes,
ilumina a nossa vida
com cada raio de luar,
e com o longínquo brilho estelar,
Guia-nos com amor maternal
nesta nova jornada
de volta para ti,
oh Grande Mãe.

SUMA SACERDOTISA

A CARGA DA DEUSA
"Ouçam as palavras da Grande Deusa, que em outras eras era chamada de Ártemis, Diana, Astarte, Ishtar, Afrodite, Cerridwem, Morrigan, Freya entre muitos outros nomes.
Sempre que necessitarem da Minha ajuda, reúnam-se em um local secreto, pelo menos uma vez por mês, especialmente na Lua Cheia. Saibam que Minhas leis e amor os tornarão livres, pois nenhum homem pode proibir seu culto a Mim em suas mentes e em seus corações. Prestem atenção a como vocês chegarão à Minha presença, e Eu lhes esnsinarei profundos mistérios, antigos e poderoso. Não exijo sacrifícios, nem dor em seu corpo, pois Sou a Mãe de todas as coisas, a Criadora que os criou a partir de Meu amor, e Aquela que dura através dos tempos.

Sou Aquela que é a beleza da Terra, o verde das coisas vivas. Sou a Lua Branca cuja luz é plena entre as estrelas, e suave sobre a Terra. Que Meu alegre culto esteja em seus corações, pois todos os atos de amor e prazer são Meus rituais. Vocês Me vêem no amor de homem e mulher, pais e filhos, entre humanos e todas as Minhas criaturas. Quando vocês criam com suas próprias mãos, lá estarei Eu. Eu sopro o sopro da vida nas sementes que plantam, seja uma planta ou criança. Estarei sempre a seu lado, sussurando palavras ternas de sabedoria e orientação.

Todos os que buscamos Mistérios devem vir a Mim, pois Eu sou a Verdadeira Fonte, a Guardiã do Caldeirão. Todos os que buscam Me conhecer sabem disso. Toda a sua busca e seus anseios são inúteis a não ser que conheçam o Mistério: pois se o que buscam não conseguem achar em seu interior, não o conseguirão no exterior. Portanto, atentos, estou com vocês desde o princípio, e os recolherei ao Meu seio ao fim de sua existência terrena."

SUMO SACERDOTE
“Nós Te invocamos e Te chamamos, oh grande Deus Cornífero dos pagãos, Senhor das matas verdes e Pai de todas as coisas selvagens e livres. Pela chama da vela e pela fumaça do incenso nós Te invocamos para abençoar este ritual. Oh! Grande Deus Cornífero da Morte e de tudo o que vem depois, que é conhecido como Cernunnos, Attis, Pã, Daghda, Fauno, Frey, Odin, Lupercus e por muitos outros nomes, neste círculo consagrado é a luz de velas Te honramos, Te amamos. Oh Grande Deus Cornífero da paz e do amor, abro meu coração e minha alma para ti. Assim seja."

SUMA SACERDOTISA
Ele segura uma tocha torcida na sua mão,
As florestas são seus reinos
"Grande Deus Cernunnos,
venha ao meu chamado e Te mostres aos homens,
pastor dos bodes, acima das colinas selvagens
guie Teu rebanho perdido das trevas para o dia".
"Esquecidos estão os caminhos do sono e noite,
os homens procuram por eles, cujos olhos perderam a luz,
abra a porta, a porta que não tem chave
a porta dos sonhos, onde os homens vêm a Ti".
Pastor dos bodes, responda-me!
As terras do verão é onde devemos encontrar-te.
Para invocar-te... Oh Deus Cornífero.

GRANDE RITO

O Sumo Sacerdote fica ajoelhado e segura o Cálice para cima. A Suma Sacerdotiza o enche com vinho.

SUMA SACERDOTISA
Eu despejo o vinho que trás consigo o início e o fim, o prazer e sofrimento, a alegria e a tristeza.

SUMO SACERDOTE
Pois eu sou o Pai, o Amante e Irmão de tudo. Aquele que traz a Vida e o que dá a Morte. Deixe meu espírito respirar sobre você e despertar os fogos da inspiração dentro de sua alma.

O Sumo Sacerdote se levanta. A Suma Sacerdotisa pega o Athame e se coloca ao lado do Sumo Sacerdote. Ela levanta o Athame para a Lua e o coloca dentro do Cálice.

SUMA SACERDOTISA
Pois, como este Athame representa o masculino, e o Deus...

SUMO SACERDOTE
e este Cálice representa o feminino e a Deusa...

AMBOS
Eles estão juntos para se tornar Um, na Verdade, no Poder e na Sabedoria.

Seguindo o círculo, a começar pela Suma Sacerdotisa e depois pelo Sumo Sacerdote, cada um deve tomar um pouco do Vinho e diz: “Perfeito amor e perfeita confiança.” Ao final, a Suma Sacerdotisa faz a libação e repete o verso, seguido da voz de todos.


Faz-se algum rito de pedidos e bênçãos. Come-se. Bebe-se. Festa-se. Fecha-se o círculo.